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Publicado: 02 Junho 2014,
Está no Norte do Brasil o caminho alternativo aos saturados portos do Sul e do Sudeste, uma nova fronteira logística para o agronegócio que pode tornar o País mais competitivo na exportação de grãos. Os portos da região Norte - Vila do Conde e Santarém (PA), Santana (AP), Itacoatiara (AM) e São Luís (MA), com estes dois últimos já operando - poderão ser, em dois ou três anos, o caminho para a exportação de um 50% da safra de Mato Grosso, o estado que mais sofre com o gargalo logístico.
Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), a nova rota reduziria em 30% os custos de frete para os produtores de Mato Grosso, que hoje andam quase o dobro para chegar em Santos ou em outros portos do Sul. "Tem produtor levando soja até o porto de Rio Grande do Sul, o que não tem nenhum sentido", diz Edeon Vaz Ferreira, coordenador do Movimento Pró-Logística, que reúne as entidades de agricultores de Mato Grosso. A localização desses portos favorece a conexão com o Caribe, o Canal do Panamá, América do Norte, a União Europeia e a Ásia.
A infraestrutura ainda não está pronta. Para chegar ao porto Vila do Conde (PA), por exemplo, uma das vias mais sonhadas pelos agricultores mato-grossenses, é necessário cruzar a BR-163, além das hidrovias do Tapajós e do Amazonas.
Segundo a consultoria Macrologística, para viabilizar esta rota ainda são necessários investimentos da ordem de R$ 3,8 bilhões na BR-163 até Santarém, em obra desde a década de 1970, e nos próprios portos, preparar as hidrovias e as dragagens. Dos 180 quilômetros que faltam para concluir a BR-163, entre Mato Grosso e Itaituba/Miritituba, 120 quilômetros devem ficar prontos até o fim do ano e o restante, em 2015. Além do investimento público na estrada, empresas como Cargill, Bunge e Hidrovias do Brasil estão investindo na região.
Outro porto importante em fase de ampliação é o de São Sebastião (SP), que já tem licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para ampliar a sua área portuária dos atuais 400 mil metros quadrados para 800 mil metros quadrados de operações, com um investimento previsto de R$ 2 bilhões de reais. O investimento inclui a construção de três berços de 300 metros de comprimento por 40 metros de largura e profundidade mínima de 16 metros. O porto quer ser uma alternativa a Santos no atendimento a barcos que precisam de calado maior.
"São Sebastião pretende se colocar como referência em operação portuária: rapidez, segurança e práticas ambientais de excelência. Clientes que tenham estes valores na sua cadeia de suprimentos terão tapete vermelho na nossa operação", diz Casemiro Tércio de Carvalho, presidente da Companhia Docas de São Sebastião.
Investimentos pelo País
A criação, em 2007, da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR) e a nova Lei dos Portos, aprovada em 2013, para substituir a anterior, de 20 anos, têm trazido novas perspectivas de investimentos e impulsionado o setor. A SEP criou o Plano de Investimento em Logística - Portos (PIL-Portos), que prevê investimentos de R$ 17,2 bilhões, até 2017.
Fonte: DCI/Verónica Goyzueta