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Terceiro maior armador de navios de contêineres do mundo, a francesa CMA CGM está expandindo os negócios no Brasil. E projeta, no mínimo, repetir neste ano o crescimento de 2014, quando aumentou em 7% a movimentação de cargas de comércio exterior, contra alta de 1% do transporte marítimo via contêiner no Brasil.

A grande aposta é a expansão de serviços fluviais na região Norte. O armador recém-lançou o transporte de contêineres em caminhão por barcaças para acessar destinos distantes do litoral, como Santarém (PA), e escalar novos portos, como Santana (AP).

A nova cobertura é feita via conexão do porto marítimo de Belém (PA) com o porto fluvial de Santarém; entre o porto de Santana e Vila do Conde (PA) ou Belém; além da rota entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO), a única das três em vigor desde 2008. O armador atua com parceiros locais para o transporte fluvial, como a Reicon.

Com soluções porta-a-porta, o diferencial competitivo da CMA CGM não se apoia no preço, mas na qualidade e abrangência do serviço, explicou ao Valor o diretor para a Costa Leste da América do Sul, Laurent Calvino.

Quinta no ranking do transporte de contêineres de longo curso no Brasil - com 8% do mercado, segundo a consultoria Datamar -, a CMA CGM transportou 400 mil Teus (contêiner padrão de 20 pés) no Brasil em 2014. Se de fato crescer 7% neste ano, chegará a 430 mil Teus. Mas Calvino diz que o crescimento pode ser de até 10%.

Entre os principais fatores que sustentam a projeção o mais forte é a aposta no Norte. "Somos os únicos armadores de contêineres a escalar regularmente em Belém e em Natal [RN], especialmente para responder às necessidades das cargas refrigeradas". A companhia tem sido uma das líderes no Norte e Nordeste, principalmente nas importações que chegam a Manaus e exportações de frutas via Natal.

A expansão da linha marítima entre o Brasil e a costa oeste da África também contribuiu para o desempenho em 2014.

Segundo Calvino, a principal meta é continuar desenvolvendo e melhorando os serviços marítimos e interiores. "Os investimentos não cessarão. Novos serviços de interior estão em desenvolvimento, especialmente no Norte, utilizando barcaças; um novo sistema para rastrear e controlar contêineres da CMA CGM foi testado e estará em operação em breve; e novos acordos foram resolvidos para atualizar nossas linhas marítimas."

Questionado sobre o interesse em operar terminais portuários no Brasil, limitou-se a dizer que a companhia está olhando oportunidades. Não informou se pode participar com parceiros ou não e tampouco onde seria o empreendimento, caso se confirme. A CMA tem duas empresas de operação portuária: a Terminal Link e a CMA Terminals - nenhuma com ativos na América do Sul. Calvino também evitou falar sobre o interesse em entrar na navegação de cabotagem brasileira, um projeto antigo que ainda não deslanchou.

Desde a fundação da CMA CGM, há 36 anos, a América Latina e o Brasil fazem parte da estratégia de desenvolvimento do grupo. Antes de abrir o primeiro escritório no Brasil, em 2003, a empresa operava via representantes. Hoje são mais de 300 funcionários em 17 agências. São dez serviços marítimos diretos que escalam mais de 20 portos brasileiros ligando o Brasil a todos os continentes. Via portos concentradores no exterior, as cargas podem ser conectadas a outras 160 linhas de navegação do grupo.

O Brasil é um dos cinco escritórios regionais do grupo e controla as atividades de toda Costa Leste da América do Sul, tendo sete países sob seu guarda-chuva.

Mundialmente, o grupo faturou US$ 16 bilhões em 2014 e movimentou 12 milhões de Teus. Opera frota de 445 navios entre próprios e afretados e novas embarcações serão incorporadas nos próximos meses.

Recentemente adicionou à frota o "CMA CGM Tigris", o porta-contêineres com a maior oferta de espaço a operar na Costa Leste da América do Sul, com capacidade para 10.622 Teus. O navio, que escala regulamente o Brasil, foi desenhado com "baixo calado" para operar nos portos rasos brasileiros - o que se tornou um imperativo entre os armadores estrangeiros que frequentam a região, dado o problema de dragagem no país.

Fonte:Valor Econômico/Fernanda Pires | De Santos